Foi quando fiz uma viagem a alma de minha avó, que tive vontade de reproduzir o farol e as cadeiras que fizeram parte de sua infância.
As fotos completas estão abaixo, no texto.
Senti uma saudade de minha avó... Já não a via há mais de 20
anos... Foi quando tive a idéia de visitá-la. Me espremi
pela passagem secreta do ateliê de miniaturas e fui.
Andei por encostas, vales, mares. Passei pelas praias de
Positano, cheia de pedrinhas no lugar de areia, mar azul transparente. Cheguei
até o lugar onde morou na infância antes de vir para o Brasil, Radda in Chianti.
Morava no campo, então fui descendo a colina dourada pelo trigo e de longe pude
ver a casa de pedra e os vinhedos da família Ricasoli, que a circundavam. A
medida que fui chegando pude ver a casa ‘crescendo’, mostrando o detalhe das
pedras cor de areia nas mais claras e um ocre levemente acentuado nas escuras,
algumas até quase chegando a um siena queimado. As telhas em barro emolduravam
as paredes que tinham janelas e portas em madeira pintadas de turquesa. Era uma
casa simples, mas linda.
Tinha dois pisos, embaixo era usado pra guardar mantimentos
e sementes que se usaria na próxima plantação. Logo chegaria o inverno e tudo
aquilo se cobriria de branco. No piso superior, três quartos tinham as janelas
voltadas para o vale ao fundo. Uma sala grande e uma cozinha menor com fogão de
ferro que servia para aquecer a casa no inverno. Os banhos eram tomados
(raramente) em bacias de ágata guardadas
sob a cama. Havia ainda uma escada, também de pedra, que levava ao piso superior. Em cada degrau
um vaso com gerânios floridos. No último pude ver minha bisavó com um grande avental branco
trazendo nas mãos uma jarra de água com rodelas de limão siciliano. Ao lado da
casa pude ver o caramanchão de Glicínias lilases contrastando com o resto. Sob
as flores, numa cadeira de madeira empalha com junco avistei minha avó. Lá
estava ela, em seu vestido florido, tal qual eu me lembrava. Quando me viu,
levantou-se e colocou a mão em forma de aba sobre a testa, como a tapar o sol e
poder enxergar melhor. Percebendo que era eu, abriu um sorriso enorme, tão
grande quanto ela mesma, uma italianona com seus cabelos brancos presos num
coque baixo, logo acima do pescoço. Eu adorava pentear seus cabelos longos
quando era criança e ainda estava comigo. Ainda usava o mesmo brinquinho
dourado em forma de losango com uma pedrinha de rubi no meio.
Nos abraçamos. Senti o calor do seu corpo passando para mim
um conforto inexplicável. Chorei.
Segurou meu rosto com suas mãos enormes e disse que queria olhar para
mim.
Me abraçou novamente e então nos sentamos naquelas cadeiras
que eu me lembrava da infância. Tomamos a água saborosa que minha bisavó havia
trazido e conversamos por horas sob a
sombra do caramanchão. Fomos dar um passeio até o farol, como era grande, tinha
uns 60 metros de altura, dava até uma certa tontura olhar para o topo, onde
estava a luz. Ela me contou, que quando aos 15 anos embarcou para o Brasil fugindo da fome, pode ver do
navio, a luz do farol por muito tempo. Ficou olhando para ele até sumir
completamente. Disse que foi dele que mais sentiu falta enquanto viveu.
O sol já baixava no horizonte, hora de ir. Abraçamo-nos novamente. Tomei o
caminho de volta levando comigo a lembrança do farol, das cadeiras e dela, no
coração. Do alto da colina, olhei para
trás e lá estava ela, com o braço erguido e a mão em aceno. Lá no fundo da minha alma pensei, vou voltar
outras vezes e pude ouvi-la da mesma forma: Estarei te esperando.
Passei de volta pela fenda do assoalho e deixei para trás a
Itália, a praia de conchinhas e a minha avó.
As cadeiras foram feitas com palitos de churrasco e o trançado em barbante.
O farol
Amei Rose!
ResponderExcluirAh, e bem-vinda ao mundo das micro-miniaturas (o farol). Está perfeito!!!
Obrigada Evelyne!!
ExcluirRose
Lindo, emocionante.
ResponderExcluirAdorei que vc gostou!!
ExcluirRose
Paeabens o farol, ficou maravilhoso, e a sua historia é encantadora.
ResponderExcluirQue bom que gostou CArla, obrigada!!
ExcluirRose
Oi Rose,viajei com voce agora como num sonho,parabens pelas minis e pela linda historia com sua avó.
ResponderExcluirGente, obrigada pelos comentários, fico muito feliz porque vcs todas são muito talentosas, elogio de vcs é td de bom. Obrigada.
ResponderExcluirRose
O farol é perfeito, ficou lindo guardado pelo lampião. As cadeiras estão ótimas também. Parabéns pelo trabalho incrível. ;)
ResponderExcluirOBRIGADA ELIANA, VC É MUITO GENTIL!!!!!!!
ExcluirBJS
ROSE
Muito linda sua história...muito envolvente! Esse lampião ficou muito significativo. Ele tem que ficar num cantinho especial de sua casa, pois já está no meu coração. As cadeirinhas, que coisa mais bela. Muito bem feitas. Queria uma pra mim...Faço coleção de cadeirinhas e dessa eu não tenho. Parabéns pelo seu trabalho!
ResponderExcluirMirian,obrigada por gostar das minhas peças. Quanto a cadeira, eu te dou uma é só querer!!
ResponderExcluirBjs
Rose